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Toscana é puro amor

Um destino que transborda amor. Amor pelas artes, pela história, pelo tempo, pelo campo, pela gastronomia, pelo vinho, pela beleza, pela vida, ou, simplesmente, amor pelo amor.

Crédito: Shutterstock

 Quem já foi à italianíssima Toscana sabe que a região é, ao mesmo tempo, apaixonada e apaixonante.

Localizada no coração do belo país europeu, a charmosa Toscana é dividida em dez províncias, cada uma delas esbanjando paisagens bucólicas e experiências multissensoriais. Inclusive, aqui vão duas dicas infalíveis para quem quiser conhecê-las bem: a primeira é reservar no mínimo uma semana para explorar suas principais cidades; a segunda é fazer isso de carro, visto que muitos dos seus atrativos se encontram ao longo de graciosas estradinhas campestres, as quais, por sua vez, representam um ponto turístico à parte.

TIRANDO O PÉ DO ACELERADOR

Com certeza você está familiarizado com aquela correria típica das grandes metrópoles. Pois bem, na Toscana ela não existe. De ares clássicos e interioranos, na terra natal de Dante Alighieri, Leonardo Da Vinci, Michelangelo e Nicolau Maquiavel o tempo caminha em ritmo mais lento, o que é uma ótima inspiração para pisar no freio e curtir cada momento no melhor estilo “slow travel”, termo que, em português, significa aproveitar a viagem – e todas as suas surpresas – sem pressa.

Especialista, portanto, em proporcionar vivências emocionantes e duradouras, é natural que a região queridinha dos enamorados seja bastante procurada para casamentos, já que motivos para amá-la existem aos montes. Para comprovar isso, embarque com a gente rumo a Florença, Cortona, Siena, San Gimignano e San Miniato, cinco tesouros toscanos fascinantes. Preparado? Poi, andiamo!

FLORENÇA: A CAPITAL MUNDIAL DAS ARTES

Tal qual a Mona Lisa de Da Vinci, também é com olhar atento e sorriso estampado no rosto que muitos viajantes podem ser retratados enquanto passeiam pela capital da Toscana. E não é pra menos: como, afinal, resistir à Florença?

Foto: Florença | Crédito: Shutterstock

Situada na província homônima e considerada um dos berços do Renascimento, uma das mais importantes expressões artísticas italianas, Firenze, como é chamada pelos nativos, até hoje mantém viva a chama que a transformou em um dos símbolos do movimento cultural, político e econômico que sacudiu a história da humanidade há mais de 500 anos.

UMA HERANÇA DAS BOAS

Foto: Duomo di Firenze | Crédito: Shutterstock

Constituída por um patrimônio de valor inestimável, Florença é praticamente um museu a céu aberto, e parte de seu acervo pode ser encontrada no centro histórico, tombado em 1982 pela Unesco. A primeira parada sugerida é na grandiosa Duomo di Firenze, ou Catedral de Santa Maria del Fiore, que começou a ser construída no final do século 13 e, atualmente, figura entre as cinco maiores igrejas da Europa. Após registrar lindas fotos da fachada e de seu interior, a recomendação é subir na cúpula e se deslumbrar com a vista da cidade. Além da catedral, também fazem parte do complexo do Duomo o Batistério de São João – erigido em homenagem ao santo padroeiro do destino em 1059 e um dos points preferidos dos visitantes por conta da “Porta do Paraíso”, um dos ícones da renascença florentina –, o campanário de Giotto e o Museo dell’Opera del Duomo.

Avançando pelas ruelas ao redor da catedral, além de bares, restaurantes, sorveterias e lojas há uma ampla coleção de monumentos espalhados pelo caminho. Entre eles, destaque para a Piazza della Signoria, espaço cultural que abriga: o histórico Palazzo Vecchio, sede da prefeitura e de um museu; a Gallerie degli Uffizi, onde estão concentradas obras-primas de gênios como Raffaello Sanzio, Sandro Botticelli e Leonardo Da Vinci; e um festival de esculturas clássicas, a exemplo de uma réplica do David, de Michelangelo, cuja versão original fica a poucos passos dali, na Galleria dell’Accademia.

OUTRAS PRECIOSIDADES

Tem fôlego sobrando? Ótimo, porque Florença ainda tem muito a oferecer! Antes de prosseguir viagem, no entanto, vale passar a mão no focinho dourado do javali da Fontana del Porcellino, próximo à Piazza della Repubblica. Parece estranho, não é? Calma que a gente explica o porquê: reza a lenda de que esse ritual dá sorte para quem o toca.

Agora que o sucesso está garantido, hora de partir para a Ponte Vecchio, um dos ícones mais antigos e prestigiados da capital. Erguida ainda no século 14, cruza o Rio Arno e, tendo joalherias e lojas de souvenires ao longo de sua extensão, conta com o Corredor Vasariano, passagem secreta construída durante a dinastia Médici, em 1565, para ligar o Palazzo Vecchio ao Palazzo Pitti.

Acompanhando o trajeto da ponte, uma excelente maneira de finalizar esse tour é justamente no luxuoso Palazzo Pitti. Imponente e de dimensões gigantescas, o palácio é, também, o endereço de diversos museus, tais como a Galleria del Costume, a Galleria d’Arte Moderna e o Museo delle Porcellane. Do lado de fora, a dica é aproveitar a beleza e a tranquilidade do Jardim de Boboli, um legítimo jardim real.

CERCA DE UMA HORA DEPOIS…

Foto: Pisa | Crédito: Shutterstock

Coladinha em Florença, outra atração imperdível para quem está circulando pela Toscana é, sem dúvida alguma, a comuna de Pisa. É ali que fica a célebre Torre de Pisa, que desde o século 12 mantém sua característica mais marcante: a leve inclinação para os lados, resultado de uma falha em seu projeto arquitetônico. Musa de criativos registros fotográficos e, nas horas vagas, campanário da Catedral de Pisa, chegar ao topo exige certo esforço: depois de comprar o ingresso, é preciso vencer mais de 290 degraus para, enfim, apreciar do alto a cidade onde nasceu Galileu Galilei – e que, como ele, é mestra em desafiar as leis da física.

VOCÊ SABIA? (BOX)

O Gepetto, criador do Pinóquio, nasceu em Florença. Na verdade, não foi o marceneiro propriamente dito, mas Carlo Collodi, autor que deu vida a este personagem que, tempos depois, se tornaria um dos maiores clássicos da literatura infantil.

LUZ, CÂMERA E…CORTONA

Foto: Cortona | Crédito: Shutterstock

Entre colinas verdejantes, relíquias seculares e paisagens arrebatadoras, o clima de romance é dominante em Cortona. Cinematográfica por natureza, não é raro querer imitar a protagonista do filme “Sob o sol da Toscana” e se mudar de mala e cuia para lá, porque essa pequena comuna da província de Arezzo é, definitivamente, “un amore a prima vista”.

Embora exista um trajeto de 1h40 a partir de Florença (via autopista), aqui vai uma sugestão para quem quiser transformar o caminho rumo a essa hollywoodiana da Itália em uma prazerosa experiência: seguir viagem pela estrada SS71 – que liga a cidade de Arezzo a Cortona – e aproveitar o percurso de cerca de três horas para contemplar, entre outras gratas surpresas, os impressionantes campos de girassóis que florescem entre junho e agosto.

COLÍRIO PARA OS OLHOS

Se chegar até a colina que sustenta Cortona é uma jornada de pura beleza, ter a chance de conhecer o destino de pertinho também não decepciona: encantos mil se reúnem para honrar a boa fama da cidadezinha de raízes etruscas, cercada por majestosas construções históricas.

Para começar o passeio com o pé direito, aposte na milenar Porta Bifora, a entrada da muralha que conduz diretamente para a Piazza della Repubblica e para o Pallazo Comunale, monumento arquitetado no século 13 que, hoje, é sede do governo local e representa um dos cartões-postais mais famosos da região.

Partindo dali pelas ruas do entorno, outros patrimônios da comuna, bem próximos entre si, são: o Museu da Academia Etrusca e da Cidade de Cortona, o Teatro Signorelli (situado na Piazza Luca Signorelli) e a centenária Catedral de Cortona. Mais afastados do centro, dois lugares que igualmente valem a visita são a suntuosa Fortezza di Girifalco, que descortina uma belíssima vista panorâmica, e o Eremo Le Celle, recanto espiritual fundado por São Francisco de Assis por volta de 1211.

A DOCE E BELA SIENA

Foto: Siena | Crédito: Shutterstock

Viajantes que dedicam parte de seu itinerário para desvendarem a medieval Siena não se arrependem. A cidadezinha nasceu para as lentes da câmera e é um eterno convite para seguir o coração – no caso, aqui representado pela Estrada SS222, a qual conecta Florença ao destino.

Chamada também de Via Chiantigiana, a sinuosa e extraordinariamente bela estrada é, ainda, a artéria principal da Rota do Vinho de Chianti, reunindo, de uma só vez, vinhedos, vinícolas, taças preenchidas com alguns dos melhores vinhos italianos, campinas verdejantes e cenários fabulosos, todos eles típicos desta que é uma das regiões mais visitadas da Toscana.

A LENDA DESSA PAIXÃO

Capital da província de mesmo nome, segundo a mitologia romana, Siena foi fundada pelos filhos de Remo, o irmão gêmeo de Rômulo, considerado o fundador de Roma. Amamentados por uma loba quando bebês, a lenda de Remo e Rômulo é tão presente na cidade que há incontáveis referências a ela. Uma delas, inclusive, é uma escultura situada em frente à Catedral de Siena, tida como uma das grandes riquezas da arquitetura medieval – interna e externamente.

Nesta comuna que transpira tradição e história por todos os poros, outro símbolo que transcende gerações é a ilustre Piazza del Campo, veia aorta local que é palco para um dos eventos mais importantes da cidade: o Palio di Siena, corrida de cavalos tradicional realizada sempre nos dias 2 de julho e 16 de agosto.

Seguindo na pitoresca praça em formato de meia-lua, mais alguns patrimônios podem ser encontrados por ali: o Palazzo Pubblico, edificado entre os séculos 13 e 14, assim como o Museu Cívico, que fica em seu interior; a Fonte Gaia, datada originalmente do século 15; e a Torre del Mangia, monumento de meados de 1300, que brinda quem consegue chegar ao seu topo – depois de encarar uma escadaria bem estreita – com um panorama maravilhoso da região.

SAN GIMIGNANO: O PONTO ALTO DA TOSCANA

Foto: San Gimignano | Crédito: Shutterstock

Seja sob a lógica de Exatas ou a filosofia de Humanas, uma questão é certa: quando a base é sólida, a estrutura tende a ser mais resistente, até mesmo ao tempo. San Gimignano está aí para provar o quanto isso é real, já que, mesmo passando por altos e baixos, a comuna, localizada na província de Siena, ainda mantém firme e forte grande parte de sua formação arquitetônica, remanescente da Idade Média.

Posicionada no alto de uma colina entre Florença e Siena e rodeada por uma série de vinícolas, “La città delle belle Torri” (em português, “A cidade das belas torres”) é um genuíno elixir atemporal, no qual arte, história, gastronomia e natureza formam uma baita de uma combinação.

PEQUENINA E ADORÁVEL

Apelidada de “Manhattan Medieval”, a cidade, que viveu seus tempos de “Big Apple” nos três primeiros séculos do milênio, foi tomada nessa época por algo em torno de 72 arranha-céus de estilo medieval, erguidos como símbolos de riqueza e poder para abrigar a elite. Assolada em meados de 1300 por doenças que dizimaram dois terços da população, San Gimignano foi da glória à decadência, deixando como legado muita história e uma capacidade incrível de se reerguer para, posteriormente, ocupar lugar de destaque no turismo local.

Ao caminhar pelo centro histórico, com exceção de 13 das 72 casas-torres medievais que restam, é possível fazer um tour completo. Definitivamente vale uma visita à triangular Piazza della Cisterna, onde fica o poço que demarca o centro do destino, e à Piazza Duomo, endereço da milimetricamente ilustrada Catedral de San Gimignano e, também, do Palazzo Comunale, que serve como acesso à Torre Grossa, a mais alta da cidade.

Após perder-se por essas joias arquitetônicas, acrescente no roteiro um momento de descanso na prestigiada gelateria Dondoli, ideal para provar sorvetes de sabores exóticos, como açafrão com pinhões, vinho espumante e ervas aromáticas.

SAN MINIATO: UMA PARADA PARA COMER E BEBER

Foto: San Miniato | Crédito: Shutterstock

A menos de uma hora de distância de Florença, San Miniato é uma comuna da província de Pisa. Ainda que igualmente bela e rica em história quanto suas vizinhas, destaca-se, porém, graças a outro atrativo irresistível: a gastronomia, considerada, ali, uma legítima experiência imersiva.

Terreno fértil para a produção natural das trufas brancas, é justamente este raro fungo um dos responsáveis por atrair uma legião de turistas, interessados não apenas em apreciar essa iguaria da cozinha internacional, ressaltada em eventos como a Feira de Trufas Brancas da Toscana, promovida anualmente nos finais de semana de novembro, mas também em vivenciar todo o processo que faz parte de sua literal caçada.

UM FUNGO DOS DEUSES

De sabor e aroma indescritíveis, os “tarufos biancos”, como são chamados em italiano, são uma preciosidade, apresentando técnicas de cultivo dominadas apenas pela natureza. Como um diamante difícil de ser encontrado e frágil ao ser manuseado, rendem verdadeiras peregrinações, as quais integram a primeira etapa do tour sensorial proposto aos turistas.

Realizada geralmente com o auxílio de cães treinados para identificar a localização do fungo pelo cheiro, após a colheita guiada por um “trufeiro” profissional, os visitantes seguem para um restaurante local, onde acompanham a preparação de um saboroso prato estrelado pelas trufas. A melhor maneira de fazer a digestão é percorrer tranquilamente o gracioso centrinho histórico da cidade que, assim como toda a Toscana, é deliciosamente envolvente do começo ao fim.

SERVIÇO

COMO CHEGAR

Como não há voos diretos entre Brasil e Toscana, é preciso fazer ao menos uma conexão em cidades como Roma, Munique e Paris, por exemplo, tendo Florença como destino final. Para circular pela região, duas boas apostas são os trens, que partem de diferentes localidades europeias, e carros alugados.

QUANDO IR

Para fugir das altas temperaturas do verão (junho a setembro), que podem ultrapassar os 30°C, e dos dias mais curtos do inverno (dezembro a março), a dica é optar pelos meses de primavera e outono, com clima mais ameno e termômetros oscilando, em média, entre 8°C e 20°C.

O QUE LEVAR

As quatro estações do ano são bem definidas na Toscana, então a mala vai variar conforme o período da viagem. O verão costuma ser bem quente e abafado, mas o inverno não é tão rigoroso a ponto de exigir roupas de neve. De maneira geral, os itens que não podem faltar na bagagem são: roupas e sapatos confortáveis, protetores solar e labial, óculos de sol e repelente.

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