A Travessia dos Lençóis Maranhenses ronda os meus sonhos de viagem há alguns anos. Desde que estive na região, em 2017, não canso de repetir que os Lençóis Maranhenses estão entre os mais lindos cenários do mundo. Ao mesmo tempo, não deixo de lembrar o que ouvi tantas vezes quando estive por lá: somente na travessia você verá as lagoas mais bonitas. Na época, fiz todos os principais passeios saindo de Barreirinhas, Atins e Santo Amaro. Faltou apenas o mais importante: a travessia do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. E essa pulguinha de viajante colou em mim de tal maneira, que não pude escapar de voltar. Este ano (após adiar o plano várias vezes devido à pandemia), finalmente realizei uma das mais incríveis experiências da minha vida.
Para fazer a travessia dos Lençóis Maranhenses é preciso um pouco de disposição e bastante organização. Escolher a melhor época, um guia confiável, o grupo certo, o roteiro ideal e o que levar na mochila é fundamental para aproveitar ao máximo aquele esplêndido cenário de dunas e lagoas de água doce. Podemos garantir que a viagem sempre será espetacular, mas a sua experiência pode ser ainda melhor se tudo der certo. Confira as dicas passo a passo para fazer a travessia pelos Lençóis Maranhenses e já comece a sonhar com esse paraíso. Eu acabei de voltar e já quero ir novamente.
Travessia dos Lençóis Maranhenses
A região chamada de Lençóis Maranhenses – localizada no noroeste do estado do Maranhão e distante 250 km da capital São Luís – ocupa uma área de 155 mil hectares. Dentro desse ambiente cercado pelo mar, lagoas de água doce e oásis de vegetação está o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. E é no Parque Nacional onde estão as mais belas lagoas e dunas da região. Para curtir algumas delas, embarcamos na incrível experiência de fazer a Travessia dos Lençóis Maranhenses.
1 – Como é a travessia dos Lençóis Maranhenses
A travessia dos Lençóis Maranhenses é um trekking realizado em meio às dunas e lagoas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. A caminhada – que pode incluir trechos de 4×4, quadriciclo e lancha – passa pelas áreas mais remotas dos Lençóis Maranhenses, onde está a zona primitiva e as comunidades conhecidas como oásis, onde a vegetação, lagos e rios reinam em meio ao cenário de dunas.
Apenas a pé é possível chegar às zonas mais remotas, onde estão as lagoas mais bonitas dos Lençóis Maranhenses. Turistas não podem circular pela região motorizados. Somente moradores e serviços autorizados podem acessar a área de 4×4 ou quadriciclo. Por ser uma região de difícil acesso, o passeio é ainda mais especial.
O trekking dos Lençóis Maranhenses costuma ser realizado em períodos de três a seis dias, a depender do roteiro escolhido. Todos passam por ao menos um dos oásis do Parque Nacional. Quanto mais tempo você tiver para a travessia, mais completa será a sua experiência.
O dia a dia da travessia consiste em longas caminhadas no início da manhã ou final da tarde, sempre em horário que o sol está menos forte. Durante o trekking, há diversas paradas para banho nas lagoas. O tempo entre as paradas varia, mas é raro ultrapassar 1h30 ou 2h sem um intervalo para tomar um bom banho. No geral, as caminhadas diárias têm entre 8 km e 18 km, sempre na areia e com o constante sobe e desce de dunas.
O trekking é bem puxado. Com as paradas estratégicas para descanso, o trajeto se torna mais tranquilo. Tanto que, após terminar a etapa diária de caminhada, os grupos ainda saem para passear pelas lagoas, assistir ao pôr do sol e observar as estrelas. Ou seja, a quilometragem percorrida ao longo da travessia é bem maior que o previsto nos planos do roteiro.
A travessia dos Lençóis Maranhenses vai muito além de simplesmente caminhar pela areia e tomar banho de lagoa. Você terá contato com pessoas incríveis, que estão na quinta geração de moradores dos oásis, as áreas mais remotas do parque. Terá ainda a oportunidade de desconectar do mundo e conectar-se com experiências únicas e, de quebra, vai levar na memória algumas das mais lindas imagens da sua vida.
2- Melhor época para a Travessia dos Lençóis Maranhenses
A melhor época para fazer a Travessia dos Lençóis Maranhenses é entre os meses de junho e agosto. Nesse período, as chuvas já diminuíram, mas as lagoas de água doce ainda estão repletas de água. Você terá dias quentes, banhos incríveis e entardeceres inesquecíveis. A depender da quantidade de chuvas no ano, a alta temporada pode ser estendida até setembro ou outubro.
3 – Travessia em grupo ou privativa
Ao organizar a viagem rumo aos Lençóis Maranhenses, você terá que escolher entre a travessia em grupo ou privativa. Essa decisão fará diferença na contratação do guia, no valor do serviço e, claro, na sua experiência de viagem. Se você está sozinho, uma viagem em grupo pode ser a ideal. Já para quem está em casal ou com amigos, o privativo pode ser mais interessante. A diferença de valor do serviço de grupo e privativo muitas vezes é pequena. Consulte ambas opções antes da escolha.
Inicialmente, viajaríamos eu e o meu marido, Jonatan. Apaixonado por trilhas e natureza, ele passou a pandemia inteira falando da travessia. Na verdade, foi uma conversa sobre os Lençóis Maranhenses que nos aproximou e rendeu um casamento, rs. Nada mais justo que fazermos a travessia juntos. Diante dos valores apresentados pelo guia, optamos pela travessia privativa, que exige o mínimo de duas pessoas para ser realizada.
Posteriormente, para completar o time, tivemos ainda a companhia do Sandro Kurovski, especialista em longas caminhadas e editor no Melhores Destinos, e um casal de amigos, Julia e Guilherme, que são desse time que topa tudo, mesmo de véspera. Fechamos assim um grupo de cinco pessoas, mais o guia.
4 – Contratação do guia para a travessia
A escolha de um guia que combine com o seu desejo de viagem é fundamental. Ele será o responsável por definir o ritmo da caminhada, indicar as melhores lagoas para banho, organizar a chegada nas hospedagens e até mesmo a alimentação do grupo. Você passará horas com ele, por vários dias. Por isso, escolha o seu guia com sabedoria.
Há anos eu já acompanhava no Instagram um guia nativo da regi˜ão e que realiza a travessia dos Lençóis Maranhenses. Como eu estava de férias e já conhecia o trabalho dele, confesso que nem pesquisei outras opções.
O guia escolhido para a travessia foi o Carlos Queimada, profundo conhecedor da região e nascido no oásis Queimada dos Britos, uma das áreas remotas dentro do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Queimada, como é conhecido, logo no primeiro contato já alertou ter um grupo saindo em data próxima à nossa travessia, por isso ele não tinha certeza se seria ele ou o irmão Willamy Brito a nos guiar.
O contato inicial com o Queimada foi bem rápido e ele foi muito atencioso. Começamos a conversa pelo Instagram e seguimos depois pelo WhatsApp. Realizamos o pagamento de 50% do valor por PIX e a segunda metade foi paga apenas ao começar a travessia. Fechamos a contratação em maio, sendo que a travessia aconteceu em agosto.
A ansiedade bateu em alguns momentos durante a espera até a viagem, especialmente quando tentávamos contato com o Queimada para tirar dúvidas e não conseguíamos resposta. Grande parte das minhas perguntas foi respondida por pessoas que já tinham feito a travessia. Desde detalhes sobre a temperatura à noite até questões sobre como são as comida nas hospedagens (obrigada Camila e Juliana!). Posteriormente, vendo o dia a dia dos guias nos Lençóis Maranhenses, foi mais fácil entender a demora nas respostas.
Só tivemos a confirmação de que o nosso guia seria o Willamy Brito, irmão do Queimada, na véspera da viagem. E, já vou adiantar, o Willamy – ou Will – foi incrível! Toda a ansiedade na espera valeu a pena e não consigo imaginar um guia que poderia ter sido melhor que ele.
Caso você deseje fazer a travessia com um guia específico, é importante entrar em contato com ele meses antes da viagem. Na alta temporada, os guias são muito disputados e os grupos bastante limitados. Sendo assim, organize-se com antecedência.
Apesar de um guia ser altamente recomendável, ele não é obrigatório e muita gente encara a travessia apenas usando aplicativos de GPS. Nosso grupo foi unânime em considerar que a presença do guia fez toda a diferença na experiência, especialmente por estarmos com um guia nativo do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Não só pelo conhecimento da região, mas também por todas as maravilhosas histórias que ouvimos.
Para quem vai fazer a travessia sem guia, o recomendado é fazer a reserva de vagas nas hospedagens com antecedência. Há risco de chegar e não encontrar vaga ou refeição disponível. No caso da travessia sem guia, é fundamental ter conhecimento de trilhas, aplicativos eficientes com GPS e planos de emergência para possíveis pernoites nas dunas, caso não seja possível chegar a uma base de hospedagem. Não se aventure pelas dunas dos Lençóis Maranhenses se não estiver muito seguro para isso.
5 – Escolha do roteiro para a Travessia dos Lençóis Maranhenses
Após escolher o guia, recebemos diversas sugestões de roteiros, que variavam de 3 a 6 dias, com saídas de Barreirinhas ou Atins e chegada sempre a Santo Amaro. Essa é a sequência mais recomendada devido à posição do sol e direção do vento, por isso quase todos os roteiros seguem essa ordem.
Apesar de termos recebido apenas roteiros entre 3 e 6 dias, há ainda a oferta de trajetos com 8 dias duração. Quanto mais dias você ficar, mais intensa será a experiência. Lembrando que todos os roteiros, no caso de grupos privativos, podem ser negociados e ampliados.
Ao escolher o roteiro da travessia dos Lençóis Maranhenses é preciso ficar atento a alguns detalhes:
- Número de dias do trekking (quanto mais dias, mais tempo você terá para conhecer e curtir);
- Trajetos de lancha, 4×4 e quadriciclo (que podem ser cobrados à parte ou estarem inclusos no pacote);
- Pernoites em diferentes bases, que costumam incluir o Canto de Atins, o oásis de Baixa Grande, o oásis de Queimada dos Britos e o povoado de Betânia;
- Tipo de hospedagem (há opções em redários e também cabanas privativas com cama)
- A distância percorrida a pé em cada trecho;
- A oferta de transfer de São Luís incluso no pacote, um custo que deve ser considerado;
- A oferta de hospedagens fora dos dias de travessia, seja em São Luís ou em Barreirinhas.
Grande parte dos roteiros da travessia segue um padrão. No entanto, nos grupos privativos, tudo pode ser alterado conforme a vontade dos turistas. Inclusive as rotas. É possível, por exemplo, optar por dias adicionais em cada base, com objetivo de curtir as lagoas e relaxar sem precisar fazer longas caminhadas. Ou ainda percursos por diferentes trechos do Parque Nacional (uma nova rota, que passa pela Lagoa Bonita, está começando a ser realizada).
Optamos pela sugestão do roteiro de 6 dias enviada pelo guia e não fizemos alterações. Escolhemos um roteiro com dia livre para curtirmos sem pressa as lagoas. Tudo o que sabíamos sobre a viagem estava descrito em uma mensagem de WhatsApp. Exatamente assim:
- 01 dia – às 8h30, lancha voadeira pelo Rio Preguiças, passando por Vassouras, Mandacaru, Caburé e Atins. Previsto chegada às 14h, aonde iniciamos a caminhada (7 km em 2 horas) até o Canto de Atins, onde pernoitamos.
- 02 dia – às 05h30, um 4×4 leva até o vizinho. De lá, iniciamos uma caminhada do Canto Atins até Baixa Grande (12 km em 4 horas). Pernoite em rede com café simples.
- 03 dia – horário a combinar com o guia. Caminhada de Baixa Grande até Queimada dos Brito (10 km em 4 horas). Pernoite em rede com café simples.
- 04 dia – dia livre para desfrutar das lagoas do oásis. Pernoite em rede com café simples.
- 05 dia – às 4h, caminhada de Queimada dos Brito até Betânia (18 km em 6 horas). Pernoite em Betânia com café simples.
- 06 dia – às 6h, caminhada de Betânia até Santo Amaro (15 km em 5 horas). Às 14 horas saída para São Luís em van coletiva. Previsto chegada às 18 horas. Fim de expedição.
E foi com esse roteiro simples que fechamos a contratação da travessia. Torcendo para dar tudo certo, rs.
6 – Quanto custa a travessia dos Lençóis Maranhenses
O custo da travessia dos Lençóis Maranhense varia conforme a empresa ou guia, o número de dias, o tipo de grupo (coletivo ou privado) e os serviços inclusos. No geral, as travessias têm custo entre R$ 800 e R$ 1.500 por pessoa para roteiros de 3 a 6 dias. Este valor não inclui a passagem aérea, hospedagens fora dos dias da travessia e refeições durante a travessia.
No nosso caso, o custo da travessia de 6 dias foi de R$ 1.500 por pessoa em grupo privativo (o preço por pessoa em grupo coletivo era de R$ 1.250 por pessoa). Estava incluso no nosso pacote o serviço do guia, as hospedagens durante a travessia (em rede), a voadeira até Atins, o 4×4 saindo do Canto de Atins, o café da manhã durante a travessia e o transfer de Santo Amaro para São Luís.
Não estavam inclusos no valor da travessia as passagens éreas, o transfer de São Luís para Barreirinhas, as hospedagens fora dos dias da travessia, as refeições (exceto café da manhã) e as bebidas durante a travessia.
Além do custo do pacote da travessia, é preciso considerar no orçamento os gastos com refeições que não estão inclusas. Em média, o valor da refeição nas bases (almoço ou jantar) é de R$ 50 por prato (arroz, feijão, salada e carnes variadas). Quem não quiser a refeição completa poderá ainda optar por refeições mais simples (tapiocas e ovos), com custo médio de R$ 30 por pessoa. O valor da água de 1,5 litro varia entre R$ 10 e R$ 15. Já os refrigerantes custam, em média, R$ 7 e as cervejas entre R$ 10 e R$ 15.
Outro custo que precisa ser considerado é o transfer de São Luís a Barreirinhas (entre R$ 100 e R$ 120 por pessoa em van), que não costuma estar incluso no valor da travessia.
É importante deixar claro que há pacotes com valores bem mais altos, especialmente os oferecidos por grandes agências, nos quais estão incluídas as passagens aéreas, hospedagem em São Luís, transfer até Barreirinhas e todas as refeições durante a travessia. Confira com atenção tudo o que é oferecido antes de fechar o seu pacote, seja com agência ou guia.
7 – O que levar na mochila
Fechada a data, o guia e o roteiro da travessia, é hora de começar a pensar nos detalhes. E se tem uma coisa que tira o sono de quem fará o trekking dos Lençóis Maranhenses é o que levar na mochila. Escolha tudo com muita sabedoria, para não carregar peso desnecessário.
É normal ter dúvidas sobre o que levar e cada um tem necessidades específicas que não podem ficar de fora da mochila. Alguns itens, no entanto, são essenciais a todos que encaram esse desafio.
Itens essenciais para a travessia dos Lençóis Maranhenses
- Mochila confortável, preferencialmente com barrigueira e peitoral. Uma mochila de 20 litros é suficiente para a travessia de 3 ou 4 dias. Já para a travessia de 5 ou 6 dias, uma mochila de 30 litros é mais recomendada;
- Capa para a mochila (ela será fundamental para proteger da chuva e areia);
- Blusa de proteção UV com manga longa. Duas peças são suficientes. Se necessário, você poderá lavar nos pontos de apoio;
- Uma calça para a caminhada (legging ou calça de trilha). Ela ajuda a proteger do sol;
- Dois pares de meia. Para quem preferir, vale levar papete ou sapatilha;
- Uma muda de roupa para dormir e outra para usar no dia a dia das bases (não se preocupe em levar roupa diferente para todos os dias, você não usará e ainda carregará peso desnecessário);
- Uma roupa de banho;
- Roupas íntimas;
- Chinelo;
- Óculos escuro;
- Chapéu, boné, bandana ou lenço para a cabeça;
- Protetor solar e protetor labial;
- Itens de higiene pessoal (quanto menos peso, melhor);
- Toalha ou canga (para secar depois do banho);
- Lanterna (preferencialmente de cabeça);
- Lanche para a trilha (barras de proteína, frutas secas, castanhas, salame, biscoitos, atum ou o quer for mais adequado ao seu estilo de alimentação).
- 1,5 litro de água por dia (a água pode ser adquirida nas bases de hospedagem);
- Remédios para dor muscular e ferimentos, além de outros remédios importantes para cada um;
- Celular e carregador (tem energia e tomada nas bases de hospedagem);
- Dinheiro para pagar as despesas com alimentação.
Itens recomendados, mas não essenciais
- Travesseiro de pescoço;
- Lençol ou similar (nas bases são oferecidos lençol ou coberta, leve apenas se considerar necessário);
- Casaco leve (um corta-vento é ideal);
- Lenço umedecido;
- Protetor de assento sanitário;
- Protetor auricular e tapa olho (nem sempre as noites são tranquilas, já que os grupos partes na madrugada);
- Bolsa impermeável (para proteger itens sensíveis à areia);
- Boia redonda (só pela diversão).
Se você estiver com mais bagagem além dos itens da mochila, não precisará levar tudo para a travessia. Você poderá deixar a mala em Barreirinhas e os guias organizam o transporte dela até Santo Amaro. No nosso caso, o serviço de “transfer da bagagem” teve custo de R$ 40 e a mala chegou perfeitamente a Santo Amaro.
Independente do que você pretende levar, procure uma maneira de manter tudo a salvo da areia (principalmente os eletrônicos). O vento nos Lençóis Maranhenses é constante e faz com que a areia entre em cada fresta da mochila, do celular, das câmeras fotográficas, comida, garrafa de água e qualquer coisa que ela toca. É sério! Uma capa de mala já ajuda muito, mas não será suficiente. Mantenha seus eletrônicos em local seguro para não danificá-los. Vale ainda deixar roupas e outros itens dentro de sacos na mochila.
Durante a travessia, usei um saco bem resistente para proteger tudo o que estava dentro da minha mochila cargueira. Também usei uma mochilinha leve com os itens que eu precisava acesso com mais frequência, como os lanches do dia, protetor labial e protetor solar. Já o celular eu levei em uma pochete, assim eu tinha acesso rápido a ele para fazer fotos e guardar imediatamente depois. Cada um do nosso grupo tinha uma técnica. Pense na melhor para você.
8 – Calçado ideal para o trekking dos Lençóis Maranhenses
O calçado mais comum entre os turistas é a meia, dos mais diferentes tipos. A meia ajuda a diminuir o atrito com a areia e protege o pé de ficar sensível, reduzindo assim o aparecimento de bolhas. As meias mais justas ajudam a não acumular areia. Já a meia de dedinhos individuais (como a que usei) reduz a chance de bolhas entre os dedos. No nosso grupo da travessia, duas pessoas chegaram com meias furadas e três terminaram o trekking com as meias intactas. Na dúvida, leve duas ou três meias, a depender do tempo de travessia.
Ainda que a meia seja o calçado mais comum para a travessia, há quem prefira o uso de papetes, sapatilhas aquáticas e até chinelo (nosso guia tinha uma habilidade incrível para andar nas dunas com Havaianas, mas ela arrebentou no meio do trekking). O aparecimento de bolhas nos pés é comum. Capriche no esparadrapo, mesmo antes das bolhas aparecerem.
9- Hospedagem na travessia dos Lençóis Maranhenses
Durante a travessia dos Lençóis Maranhenses, quem recebe os turistas são os moradores dos povoados próximos ao parque e também os que estão em áreas chamadas de oásis, localizadas dentro do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. As hospedagens são bem simples e oferecem pernoite em rede. Em alguns casos, também há opção de quarto privativo com cama. No nosso roteiro estava previsto o pernoite em rede todas as noites, mas em duas bases diferentes recebemos quartos privativos com cama, sendo um deles de alvenaria e outro em cabana de madeira.
Ao fazer a travessia, tenha em mente que tudo será muito simples, porém limpo e funcional. Não espere luxo nos travesseiros (oferecidos apenas no pernoite em cama) e roupas de cama (há lençol ou coberta também para quem está na rede).
Para quem dormirá em redário, vale dizer que eles não são 100% fechados. No geral, os redários são montados em cabanas de palha com boa circulação de vento. Você ouvirá todo o barulho da natureza e também das pessoas (na alta temporada são muitas pessoas). O movimento costuma diminuir após 21h e recomeça às 4h da manhã.
Se você tem dificuldade para dormir, leve um protetor auricular e um tapa olho (levei os dois e usei todos os dias), o que ajuda sempre a dormir diante da luz e barulho. Um detalhe que chamou a nossa atenção é que as redes estavam sempre muito limpas e novas. Bem convidativas a uma noite de sono depois de um dia de sol.
Quem viaja com guia (especialmente os guias nativos) leva vantagem no quesito hospedagem. Eles já têm todo o esquema organizado com as bases e sempre descolam um redário (ou um quarto privativo) mais tranquilo e melhor localizado. Quem chega sem guia, costuma ser colocado em redários em meio aos restaurantes e lugares bem mais movimentados.
10 – Como são os banheiros
Os banheiros durante a travessia estão disponíveis apenas nas bases de hospedagem. Todos são de uso coletivo e, em alguns casos, o chuveiro e vaso sanitário são em locais separados. Os banheiros costumam ser bem simples e o chuveiro é sempre de água fria (o que não chega a ser um problema em meio ao calor maranhense). Em alguns casos, a pia é fora do ambiente do banheiro, então escovar os dentes e lavar as mãos não necessariamente será um evento privado.
Durante a nossa travessia, enfrentei fila para banho apenas duas vezes, e não esperei mais que uma pessoa. Como os viajantes chegam cedo nas bases, o tempo é bem distribuído entre os que desejam usar o banheiro. Eu, confesso, levei alguns protetores de assento sanitário (uma espécie de saco plástico para o assento do vaso) e não me arrependi. Fui ao banheiro todos os dias, sem grandes traumas. Também fiz questão de levar lenço umedecido, sempre útil.
Outro item que não abri mão foi uma sacola impermeável. Durante a travessia ela servia para deixar objetos mais sensíveis à areia e à água. Já na hora do banho, quando nem sempre havia ganchos suficientes para pendurar roupas, usei a bolsa para deixar a toalha, as roupas limpas e os itens de higiene pessoal.
11 – Comida durante o trekking dos Lençóis Maranhenses
A comida durante a travessia dos Lençóis Maranhenses é uma das principais dúvidas dos viajantes, mas não há motivo para preocupação. Na prática, o café da manhã, o almoço e o jantar são realizados nas bases de hospedagem. Já os lanches durante as caminhadas ficam por conta dos viajantes. Organize-se para levar algumas comidinhas que garantam a alimentação em todos os dias durante o percurso entre uma base e outra.
Café da manhã
O café da manhã nas hospedagens durante a travessia costuma ser a única refeição inclusa no pacote. Ele é bem simples, mas suficiente para começar o dia. No geral, o café da manhã varia entre tapioca com manteiga, pão de forma, bolo, ovos, biscoitos, queijo e frutas, além de suco, café e leite em pó. Não são porções muito grandes e nem tudo é ofertado no mesmo dia. Caso considere necessário, leve alguns complementos para o café. Levamos lata de atum, salame fatiado, queijo Polenguinho e biscoitos recheados. Tudo foi útil.
Almoço
Durante o período da manhã, os viajantes fazem a caminhada e costumam chegar à base de hospedagem próximo à hora do almoço. Quem faz a travessia com o guia conta com a organização da refeição antecipadamente, garantindo o prato pronto na hora marcada.
As refeições nos oásis costumam ser compostas de arroz, feijão, macarrão, salada e um tipo de carne, que varia entre galinha caipira, peixe, carne de vaca, cabrito, ovo ou omelete. Já nas bases do Canto de Atins e Betânia, que operam com restaurantes turísticos, há maior variedade de pratos, entre eles o famoso camarão de Atins e a caldeirada maranhense. O valor médio do almoço é R$ 50 por pessoa.
Jantar
Assim como o almoço, o jantar também é realizado nas bases de hospedagem. Nesse caso, além da refeição completa (que segue o mesmo cardápio do almoço), os viajantes contam com a possibilidade de optar por lanches como tapioca com ovo. Algumas vezes nós optamos pelo lanche e complementamos a refeição com atum, queijo e salame que levamos. Se você prefere lanchar à noite, ao invés de jantar, vale levar alguns itens para incrementar a refeição.
Lanches para a trilha
Durante a travessia e nos locais de hospedagem não há lanches disponíveis para compra. Leve alguns lanches básicos para comer durante as caminhadas. Nossa sugestão é que sejam lanches que pesem pouco, não exijam armazenamento em gelo e que ajudem a saciar a fome.
No nosso grupo, os lanches variaram entre barras de cereais e proteína, castanhas secas, frutas frescas e desidratadas, doces calóricos (como cocadas, bananadas e doce de caju), salame, atum em lata, torradas e biscoitos variados. Teve até quem levou whey protein.
Os mesmos lanches da trilha serviram para complementar as refeições à noite e nos cafés da manhã. A quantidade a levar varia de acordo à necessidade de cada um.
12 – Energia elétrica, internet e sinal de celular
Durante a travessia você terá energia elétrica em todas as bases de hospedagem. Algumas operam com energia solar e gerador, mas sempre há tomadas disponíveis para carregar baterias e celulares.
Já a internet nem sempre é compartilhada com os hóspedes. Como os pacotes disponíveis são com dados muito limitados, em algumas bases (como na Queimada dos Britos e Baixa Grande) a internet serve apenas para os moradores. Não conte com Wi-Fi para resolver nenhum problema durante a travessia.
A boa notícia é que, no alto das dunas e durante a travessia, sempre aparece um sinal de celular para salvar quem precisa de internet ou contato telefônico. Dá até para fazer chamada em vídeo. A operadora que melhor funciona durante a travessia é a Vivo.
13 – Para quem é a travessia dos Lençóis Maranhenses
A travessia dos Lençóis Maranhenses é destinada a viajantes que buscam experiências fora do convencional, contato intenso com a natureza e, de quebra, um bom desafio para vencer. Quem faz a travessia dos Lençóis Maranhenses tem a oportunidade de alcançar lagoas isoladas, cenários inóspitos e os oásis que só podem ser visitados por quem encara o trajeto a pé.
Não é preciso ser atleta ou ter habilidades extremas com longas caminhadas para fazer a travessia. Com um pouco de disposição (e cuidado com as bolhas) todos conseguem finalizar o trekking. Alguns dias do roteiro são mais cansativos e puxados, mas os banhos de lagoa são capazes de revigorar qualquer corpo abatido pela areia das dunas.
14- Como foi a nossa experiência na travessia dos Lençóis Maranhenses
Chegamos a Barreirinhas na véspera de começar a Travessia dos Lençóis Maranhenses. Como era a primeira vez de quase todo o grupo na região, optamos por fazer o tour do circuito Lagoa Bonita, um dos mais famosos passeios dos Lençóis Maranhenses. Com isso, todos teriam uma ideia do que esperar durante a travessia e também um comparativo do quanto as lagoas podem ser ainda mais bonitas durante o trekking.
Chegar com antecedência a Barreirinhas nos permitiu ainda conhecer na véspera o Willamy Brito, nosso guia da travessia. Tiramos várias dúvidas e combinamos tudo sobre a saída na manhã seguinte. E aqui, nesta conversa, aprendemos a sequência de frases repetida tantas vezes pelo Will (como o chamamos) durante a travessia:
_ Confia no guia. Deixa acontecer. Vai dar certo.
Dia 1 – Saída de Barreirinhas e chegada à base no Canto de Atins
O primeiro dia de travessia é um mix de passeio e caminhada. Na prática, o trekking começa ao final da tarde em Atins, mas para chegar até lá é preciso sair de Barreirinhas e seguir de voadeira (uma lancha rápida) pelo Rio Preguiças até o encontro com o mar.
Para aproveitar o dia, o trajeto segue pela rota do passeio de Vassouras, Mandacaru e Caburé, onde conhecemos a natureza exuberante que cerca o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com paradas para conhecer o mangue, o Farol Preguiças, os Pequenos Lençóis e a Praia de Caburé, onde almoçamos uma caldeirada maranhense. À tarde, seguimos rumo ao povoado de Atins, onde aguardamos o sol baixar para iniciar a caminhada. E enquanto esperávamos, a pedida foi um bom banho de mar.
Com o sol mais baixo, era hora de finalmente começar a travessia. A ideia era fazer o percurso até o Canto de Atins e chegar à primeira base de pernoite antes de anoitecer. Partimos às 15h e caminhamos por 5,5 km até a duna onde assistimos ao pôr do sol, com banho na lagoa para refrescar.
Para a nossa surpresa, encontramos um grupo com parapente, que nos ofereceu o passeio ao entardecer. E lá se foi uma parte do grupo para um dos mais lindos momentos da viagem (o tempo não permitia que todos fizessem o voo, pois já estava anoitecendo). Por R$ 100 em um voo de 20 minutos, Jonatan, Julia e Guilherme tiveram o privilégio de apreciar as dunas lá do alto e ainda curtiram um dos mais espetaculares entardeceres da travessia.
Logo que anoiteceu, seguimos rumo ao Restaurante da Luzia, localizado no Canto de Atins e onde foi nosso primeiro pernoite. Para surpresa geral, recebemos hospedagem em quartos privativos com cama. Além disso, experimentamos o famoso camarão da Luzia, que estava disponível também para os aventureiros que chegavam da travessia à noite. Como aperitivo, tomamos ainda a tiquira oferecida pelo seu José, cachaça feita de mandioca, tradição na região.
Tudo no Restaurante da Luzia era muito simples, mas funcional. O ranger de portas e janelas devido ao vento forte que vinha do mar atrapalhou um pouco o sono no início, mas nada que uma corda e uma pedra (para prender a porta) não resolvesse na madrugada. No Canto de Atins tinha até Wi-Fi, para os mais conectados não desapegarem de vez da internet. No local também era possível fazer pagamento em pix ou cartão.
Dia 2 – Caminhada do Canto de Atins ao Oásis de Baixa Grande (com trecho de 4×4)
Acordamos às 5h para o café da manhã. Na refeição havia pão de forma, queijo, biscoito, café e leite. Às 6h partimos em veículo 4×4 para fazer um trecho longo à beira-mar. Descemos na primeira duna e de lá seguimos a pé por mais 7 km até o oásis de Baixa Grande. No caminho, claro, tivemos parada para banho. Sempre bom para descansar as pernas do sobe e desce das dunas e recarregar as energias com um lanchinho.
O melhor momento da travessia no dia foi o visual da chegada ao oásis de Baixa Grande. Em meio à imensidão de areia e lagoas, o verde brota intenso e rende morada a famílias que há diversas gerações ocupam a região. O nome “oásis” não poderia ser mais perfeito.
Chegamos à hospedagem no Redário Dona Deti antes de 11h da manhã e já fomos direcionados à cabana com as redes do grupo. Nosso redário era “privativo”, ou seja, somente nosso grupo tinha redes no local. Deixamos as mochilas e relaxamos em um bom banho de rio a menos de 5 minutos de caminhada. Uma delícia!
Ao final da tarde, o grupo partiu em caminhada para mais um banho de lagoa com pôr do sol. E neste dia fomos presenteados ainda com o nascer da luz cheia, que estava incrível! À noite, mais uma saída para ver as estrelas nas dunas.
No almoço e jantar, a oferta de pratos do Redário Dona Deti era peixe ou frango, acompanhados de arroz, feijão, macarrão e salada. Suficiente para um dia de caminhada. Almoçamos o prato completo, mas à noite optamos pelo lanche com tapioca e ovo. Depois do jantar, seguimos para uma noite de sono na rede.
Dia 3 – Caminhada de Baixa Grande ao oásis Queimada dos Britos
Partimos de Baixa Grande às 7h, depois de um café da manhã com ovo, tapioca, frutas, café e leite. Saímos um pouco atrasados, então aceleramos o passo para não caminharmos sob o sol quente do final da manhã. Nosso destino era o oásis de Queimada dos Britos, em um trajeto de 9 km por um dos mais preservados trechos do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Durante a caminhada, contamos com aquelas paradinhas estratégicas para banho. Nada melhor!
Chegamos ao oásis de Queimada dos Britos antes de meio-dia e lá nos sentimos em casa. Nosso guia é da quinta geração nascida no lugar e fomos recebidos com muito carinho pela dona Joana e o senhor Raimundo, pais do Will e do Carlos Queimada.
Na Queimada dos Britos, tivemos a surpresa de sermos hospedados em cabanas privativas com cama. Um privilégio para quem faz a travessia com um dos guias da família. Tomamos uma cerveja, coca-cola geladinha e nos preparamos para o almoço. Nossa refeição teve peixe, frango caipira, arroz, feijão, macarrão, salada, cocada caseira e uma boa soneca no redário para recuperar as forças.
À tarde, antes de seguir para o passeio do pôr do sol, alguns aproveitaram o banho na lagoa de frente para os bangalôs. Com boia redonda e correnteza suave, a experiência é digna de parques aquáticos. Depois, seguimos em caminhada rumo às lagoas próximas ao oásis para curtir o entardecer. O visual, com o sol se pondo de um lado e a lua nascendo do outro, foi dos mais lindos da viagem. As cores do céu estavam incríveis e o cenário das dunas um sonho.
À noite, mais uma boa conversa, fogueira, jantar caprichado e um dia de descanso sem hora para acordar, já que a manhã seguinte seria de folga no oásis de Queimada dos Britos.
Dia 4 – Folga no oásis de Queimada dos Britos
Ao escolher o roteiro da Travessia pelos Lençóis Maranhenses, optamos pelo percurso de 6 dias com um dia livre no oásis da Queimada dos Brios. Nosso objetivo não era descansar, mas sim curtir as lagoas sem pressa. E foi o que fizemos! Apesar de ser o nosso dia de “folga”, caminhamos por 9 km entre banhos e pôr do sol.
Depois do café da manhã e de um boia cross no rio para relaxar, seguimos em caminhada rumo às lagoas mais próximas do oásis de Queimada dos Britos. A ideia era curtirmos sem hora para voltar, mas como o sol forte não ajuda a ficar tantas horas na lagoa, fomos com a expectativa de retornar para o almoço. Acompanhados de nossas boias, relaxamos nas lagoas até torrar.
De volta ao oásis, aproveitamos o bom almoço (com peixe e frango caipira, feijão, arroz, macarrão, salada e cocada) e a tarde tranquila para cochilar na rede. Ao final do dia, demos uma volta para conhecer toda a comunidade de Queimada dos Britos e, como não poderia faltar, assistir a mais um pôr do sol. Na volta, lanche / jantar e uma boa noite de sono, afinal, acordaríamos às 3h30 da manhã para o trecho mais longo da travessia.
Dia 5 – Caminhada de Queimada dos Britos a Betânia
Depois do café da manhã, saímos às 4h rumo ao povoado de Betânia. A caminhada, com 18 km, é a mais longa da travessia, mas segue por um dos mais lindos trechos do Parque Nacionais dos Lençóis Maranhenses. Começamos a andar à noite, sob a luz da lua cheia.
Fizemos a primeira parada durante o nascer do sol. Mesmo com dia nublado, vimos um amanhecer exuberante. Tivemos ainda a oportunidade de assistir a uma chuva fina mudar as cores das dunas, que rapidamente ganharam tons de bege e linhas escuras. Poucos minutos depois, já sem chuva, as dunas secaram rapidamente e logo estavam branquinhas outra vez. Dando novamente tons de paraíso ao lugar. Fizemos duas paradas deliciosas para banho em lagoas espetaculares e logo chegamos ao povoado de Betânia.
Diferente dos oásis de Baixa Grande e Queimada dos Britos, o povoado de Betânia já é acessível por carro 4×4 e faz parte da rota de passeios que sai de Santo Amaro. Com isso, o trajeto já não é tão “exclusivo”. Encontramos pelo caminho carros com turistas, que também visitam as lagoas da região e almoçam no povoado. Nada que estrague a experiência, mas nos fez perder a sensação de sermos os únicos naquele paraíso.
A estadia em Betânia é bem mais agitada se comparada aos oásis. Há diversos grupos de travessia e também turistas com passeios de bate e volta. Com a organização do guia, nossa mesinha estratégica sob uma bela árvore já estava posicionada. Almoçamos camarão e, de sobremesa, alguns picolés para refrescar. Depois da refeição, soneca na rede e mergulho no rio.
Ao final da tarde, os turistas de passeio já tinham ido embora e ficaram apenas os que seguem em travessia. Nesse momento, fomos convidados a assistir ao ensaio da Morte do Boi, parte dos festejos do Bumba Meu Boi. Uma experiência única, cercada de cultura popular. Garantimos a cantoria e vivenciamos um pouco mais do lugar.
Com a noite adiantada, o restaurante de Betânia se transformou em redário coletivo, mas o nosso redário particular (lembrando da frase “confia no guia…”) já estava separadinho nos esperando, com cobertas para aplacar o frio que bate na madrugada à beira-rio. Foi uma noite muito bem dormida. Tão bem dormida que atrasamos para acordar.
Vale dizer que Betânia ganhou o prêmio de melhor banheiro da travessia. Tanto a área do sanitário quanto do chuveiro eram cobertas de azulejos e muito bem limpas.
Dia 6 – Caminhada de Betânia para Santo Amaro
Nosso último dia de travessia já tinha clima de despedida. Saímos do povoado de Betânia depois do café da manhã e seguimos por 11 km em caminhada até Santo Amaro. Começamos o dia com um rápido trajeto de barco para atravessar o rio e depois botamos o pé na areia rumo ao final da travessia. No caminho, paramos para dois banhos de lagoa. O lado negativo do último trecho é o grande número de veículo de passeio 4×4, que atrapalham um pouco a experiência da chegada ao fim da travessia. Ainda assim, os banhos de lagoa foram garantidos no caminho.
O pior trecho de toda a travessia não foi o sobe e desce de dunas, mas sim a chegada a Santo Amaro. Os quilômetros finais da caminhada são em área já urbana, onde o vento não corre e o calor é intenso. São os metros mais longos de toda a travessia dos Lençóis Maranhenses. Trajeto recompensado com uma boa e velha coca-cola gelada, cervejinha, caipirinha e camarões na chegada. Às 11h já estávamos no restaurante à beira-rio para o almoço e a despedida. Nosso transfer de Santo Amaro partiu para São Luís às 14h, já nos deixando com saudade e vontade de voltar.
Durante toda a travessia, encontramos paisagens memoráveis e cenários dignos dos mais deslumbrantes em todo o mundo. A travessia dos Lençóis Maranhenses vai muito além de alguns passeios para banho nas lagoas. É uma experiência única, que nos faz ter dimensão do quão pequeno somos diante de tamanha grandiosidade natural. Não temos como compartilhar todos os detalhes, primeiro porque estávamos de férias (rs), mas principalmente porque é uma experiência tão única que cada um precisa vivenciar para entender.
E você? Já teve a oportunidade de fazer a travessia dos Lençóis Maranhenses ou tem vontade de encarar esse desafio? Conte pra gente nos comentários!
Por Monique Renne