A paisagem quase monocromática das metrópoles, com o horizonte de arranha-céus em tons de cinza, ganha vida nas expressões de arte pintadas em muros, fachadas e paredes.
O grafite – manifestação artística moderna que utiliza sprays para desenhar, colorir e modificar a cena urbana – transforma um simples passeio pelas ruas de grandes cidades brasileiras em uma verdadeira experiência cultural.
O grafite cravou seu nome como arte e se tornou uma importante ferramenta de apoio ao turismo, como destaca o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. “A arte urbana é um dos pilares que compõem o turismo, um atributo que se soma à atratividade do destino para induzir a geração de emprego e renda. Nas regiões onde estão instalados os grafites, é comum perceber a abertura de cafés, restaurantes e atividades culturais que fomentem a chegada de turistas”, explica.
A maior metrópole do país, São Paulo (SP), também é uma das maiores quando o assunto é arte de rua. Os desenhos se incorporaram à paisagem em inúmeros pontos da cidade, produzindo verdadeiras “telas” ao ar livre e criando referências para os visitantes. Alguns deles são assinados por artistas mundialmente conhecidos, como os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos como OsGêmeos.
Os grafites do bairro paulistano Vila Madalena são pontos turísticos muito conhecidos para quem é apaixonado por arte de rua. O espaço ganhou fama nos anos 80, quando um desenho do Batman, herói dos quadrinhos e cinema, apareceu grafitado da noite para o dia em uma das paredes do beco. A partir daí, os muros ganharam um colorido que emociona, reflete e anima a “galeria” de arte ao ar livre. Amantes de fotos aproveitam o cenário para registrar o colorido da cidade e marcam a hashtag #mtur para fazer parte do álbum do Instagram do Ministério do Turismo.
Fã de viagem e arte de rua, Josiane Bravo tem histórias para contar sobre grafite. Ela já visitou outros países que são tradicionais palcos dessa arte – como Inglaterra, Argentina e Holanda –, mas avalia que o Beco do Batman merece entrar para a lista de roteiros especiais no mundo. “Ali vemos a revitalização de um lugar que era comum e se tornou um grande atrativo turístico. Os gringos que vêm a São Paulo são atraídos pela arte – é o caso do meu namorado, que é holandês e ficou encantado quando conheceu o lugar”, explica a turista, que divide passeios e conhecimentos de viagens no Instagram Uma Turista nas Nuvens.
No Rio de Janeiro (RJ), os grafites podem ser comparados a monumentos arquitetônicos, uma vez que viram a própria paisagem devido ao tamanho dos desenhos. Na cidade-símbolo do Brasil no exterior, a zona portuária mescla história e modernidade. No Boulevard Olímpico, grande passarela de turistas durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, gigantescos painéis fazem do espaço um dos maiores corredores artísticos a céu aberto do mundo, colorindo o passeio de quem visita a orla e o Museu do Amanhã, a poucos passos dali.
A cidade emplacou, em 2016, recorde no Guinness Book por sediar o maior grafite do mundo: 15 metros de altura por 170 metros de comprimento. Intitulada “Mural Etnias”, o trabalho de Eduardo Kobra carrega a mensagem de união nos rostos de cinco povos do mundo, o que levou o espírito da competição olímpica para o coração da cidade e o eternizou nas paredes do Porto Maravilha.
A capital mineira também é adepta da street art (arte de rua) e incentiva o trabalho e reconhecimento de quem ressignifica esses espaços urbanos. Desde 2017, a paisagem das ruas de Belo Horizonte conta com grafites que chamam atenção pela grandiosidade: são painéis que ocupam laterais inteiras de arranha-céus.
Produzidos por artistas nacionais e internacionais, os grafites do Festival Circuito Urbano de Arte (CURA) têm como objetivo cativar, por meio da arte, quem transita pelo centro da cidade. A iniciativa deu tão certo que já tem data para uma nova edição: entre julho a agosto deste ano.
Os grafites também estão espalhados por diversos bairros, além de pontos estratégicos de grande circulação. Até as lixeiras da capital mineira foram transformadas com os fofos cupcakes da artista Maria Raquel Bolinho. Além dela, os trabalhos dos renomados Zack, Thiago Alvim e Baba Jung, por exemplo, são apreciados livre e gratuitamente pelos turistas.